
O tema escolhido para esta 28ª edição da ModaLisboa tem vários significados. Play enquanto jogo, onde participam diversas peças, enquanto instrumento civilizacional fundamental ou como categoria da sociedade contemporânea que permite compreender valores e comunicar. Play ainda como linguagem através da qual novas alternativas culturais e criativas são apresentadas à cidade criativa e como a síntese económica entre criação, produção e mercado.
O primeiro dia, quinta-feira, 8, arrancou com a colecção de Alexandra Moura, muito assente nas cores creme, preta e cinzenta que, nas suas próprias palavras, nos revelava “que em cada célula, tecido, órgão e glândula do nosso corpo estão os sinais da nossa mente que planeia cada detalhe para uma finalidade definida.”
Seguiu-se Dino Alves e os seus “Anjos da Guarda” e a primeira ovação em pé. Uma mistura de várias cores que se traduziu num desfile visualmente espectacular.
Para terminar este dia, um convidado. O russo Max Chernitsov trouxe para a passerelle a história d”O pescador e a sua boneca”, utilizando padrões axadrezados, em tons que variam entre o cinzento, o branco, o preto, o vermelho e o bege.
Dia 9, o segundo dia, iniciou-se com o desfile de Nuno Gama, que misturava «a nobreza dos materiais sem complexos em peças de grande conforto, e em que a funcionalidade se coordena com detalhes, com base num guarda-roupa masculino e urbano, para novos aristocratas do bom gosto e elegância».
Filipe Faísca foi o designer que se seguiu e uma das maiores surpresas deste certame, merecendo a maior ovação daqueles que assistiram à ModaLisboa. Uma colecção “tradicional-urbano-chic” que combinava aspectos tradicionais portugueses, como os típicos lenços negros, com jeans e propostas mais arrojadas. Uma combinação de bom gosto, portanto.
Seguiu-se a Lion of Porches, que apresentou uma colecção dividida em nove temas. Entre o tema colegial e o desportivo, entre outros, esta colecção ficou atrás do que tem vindo a ser apresentado pela marca e não conseguiu cativar, tornando-se de certa forma enfadonha.
Para encerrar este dia, Ana Salazar apresentou-se novamente sem a companhia da filha, Rita Salazar, num desfile coreografado e original em que as modelos entravam na passerelle ao mesmo tempo que as luzes se apagavam. No final, a imagem de todas as modelos a preencherem aquele espaço era algo digno de se ver. Uma colecção em tons escuros, discreta, mas ainda assim vistosa o suficiente para cativar os presentes. Pecou pelo pouco tempo em que as luzes estavam ligadas, não permitindo apreciar devidamente toda a colecção.
O terceiro dia foi o mais rico (em número) e começou logo ao meio-dia com as propostas de José António Tenente, caracterizado pelas cores preto, amarelo e azul.
Depois das propostas do LAB (Ricardo Dourado, Ricardo Preto e Lara Torres), a que não pudemos assistir, Katty Xiomara tomou conta da passerelle tendo como mote o tema “Cinemascope”. O preto, cinzento e branco prevaleceram para nos dar a conhecer uma colecção “nostálgica, doce e elegante em tons de preto colorido”
Luís Buchinho foi o designer que se seguiu, apresentando uma “fusão de volumes soltos e tubulares com formas estruturadas e dinâmicas” em tons de preto, cinzento e roxo.
Miguel Vieira marcou-se igualmente pelo negro, com algumas peças em branco e cinza. A sua colecção “Sir” destina-se a “Gentlemens e Ladies, discretos e sóbrios, em que a estética é a sua própria ética.”
Em jeito de encerramento do terceiro dia, a segunda convidada do evento, Delphine Murat, com uma colecção urbana, mas discreta.
O dia de encerramento do certame começou com a colecção de a forest design, integrada no LAB, a par de Aleksandar Protich.
De volta aos nomes consagrados, Lidija Kolovrat apresentou a sua ideia de “camuflagem urbana”. Com o verde tropa a predominar, fez-nos lembrar um qualquer jogo de guerra em que, por vezes, a roupa pouco se adequava ao dia-a-dia. No entanto, a nível visual, foi um dos melhores desta 28ª edição.
Seguiu-se Anabela Baldaque e a sua inspiração oriental, para depois Nuno Baltazar tomar conta da passerelle. Inspirado na Inglaterra do século XVI, combinou cabedal com lã, organza e cetim.
Pedro Mourão apresentou de seguida as suas propostas “repensando a estética do início dos anos 60, através da integração do contraste entre as atitudes establishment e ¿rock and roll”.
A designer escolhida para o encerramento da 28ª edição da ModaLisboa foi Maria Gambina que, inspirada pela música de Chico Buarque apresentou os contrastes justo/largo, subido/descido, curto/comprido, pequeno/grande, amor/ódio.
Mas como uma fotografia vale mais que mil palavras, damos lugar à reportagem fotográfica. Encontramo-nos na 29ª edição do maior evento de moda nacional.
(Fonte: Rua de Baixo)
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