domingo, 11 de novembro de 2007

Por trás de 9 cavalos...tensão e concentração no expoente máximo!

Após uma longa execução, finalmente chega o novo álbum de originais de Steve Jansen, um dos elementos dos Nine Horses, que actuará ao vivo com o seu irmão David Sylvian cuja digressão passa pelo nosso país em Lisboa e Braga.
O álbum inlcui um vasto leque de convidados, entre os quais se destacam Tim Elsenburg (Sweet Billy Pilgrim), Thomas Feiner (Anywhen), Anja Garbarek, Nina Kinert, David Sylvian, Theo Travis e Joan Wasser (mais conhecida como Joan As Police Woman).
Steve Jansen nunca esboça um sorriso atrás dos seus instrumentos. Em concertos, é constante e sério, mostrando concentração nas texturas, na precisão e no subtil juízo da sua música.
Com este novo álbum, uma permanente tensão é a base para os ritmos fortes e a intricada programação, enquanto um leque de vocalistas distintos delineiam o sentimento da sua composição.
"Slope" é o passo seguinte após o aclamado projecto Nine Horses, com o seu irmão e colaborador de longa data David Sylvian, e o artista electrónico Burnt Friedman. Como o próprio explica "com este álbum concentrei-me na composição tentando evitar as vulgares estruturas de cordas e a habitual construção de canções. Em vez disso, quis interligar sons, ritmos e "eventos" sem quaisquer relacionamentos entre si, numa tentativa de desvio das minhas próprias armadilhas enquanto músico.
" O tema de abertura "Grip" expõe o desafio: batidas deslizantes propulsionam uma peça instrumental com fragmentos de vozes, percussão metálica ressonante e pequenos sopros do saxofonista Theo Travis. O tema é intrigante: os ritmos insistentes e afectantes dão origem a uma peça provida de consciência, com sons díspares conjugando-se imprevisivelmente.
Logo depois segue-se "Sleepyard," agraciado com a voz quente e grave do líder dos Sweet Billy Pilgrim Tim Elsenburg. Tal como o resto dos temas de "Slope", o material não foi criado de modo a acompanhar um vocalista, mas Elsenburg está em terreno familiar ao personalizar a sua balada narcoléptica. Também a cantora Anja Garbarek consegue o mesmo truque em "Cancelled Pieces," onde arrisca uma melodia sobre os ritmos pouco ortodoxos de Jansen. Thomas Feiner dos Anywhen contribui com a balada "Sow the Salt," e Sylvian, acompanhado da incrível cantora sueca Nina Kinert, interpreta o curto e impressionante "Playground Martyrs."
Ouçam atentamente o final: aquele sussurrante e distante uivo tão cuidadosamente esculpido à superfície, mas ao fundo um estranho som de cliques - como dedos de metal a acompanhar o ritmo - de uma intensidade avassaladora.
Mais estranho de todos é o quase blues de "Ballad of a Deadman," onde a voz serena de David Sylvian encontra o distinto rosnar de Joan Wasser (Joan as Police Woman) sobre uma guitarra cansada e os ritmos teimosos de Jansen.
Os admiradores de Sylvian e Wasser ficarão espantados com a tão perfeita e curiosa conjugação de ambas as vozes num tema que nada tem a ver com aquilo que já fizeram no passado.Um raro vislumbre de Americana num moderno disco austero, "Ballad of a Deadman" partilha uma grande qualidade com o restante álbum: silêncio.
O apetite de Jansen para novos sons e o seu gosto por ritmos inventivos abrangem um vasto horizonte, pois cada elemento é necessário e rigorosamente considerado para o produto final. É um caso sério compor e interpretar esta música tão estimulante, e traduzir cinco anos de trabalho árduo numa obra tão polida e atraente.

(Site Oficial do Álbum: http://slope.stevejansen.com/)

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