segunda-feira, 12 de maio de 2008

Um artefacto híbrido!

Há dias que não correm lá muito bem é certo...em que nos arrependemos tanto de algo que tenhamos feito (ou não!) que instintivamente, mesmo antes de sairmos de casa e pegamos no disco que nos fará companhia esse dia, e puff...tiro certeiro!
Parece que estava a adivinhar!
Hoje foi um dia desses e na rifa saiu-me Justine Electra e o álbum Softrock!
Nasceu na Austrália mas foi nas frias terras da Alemanha, onde o frio corta e a cerveja rasga a alma, que Justine se fez mulher!
Estreando-se em 2006 com o álbum Softrock, Justine é um caso raro no universo da música pois antes (e também depois da edição do disco), permaneceu quase uma completamente desconhecida, mesmo no ciberespaço e nos circuitos mais indies, onde o último grito alternativo nunca passa despercebido.
Estranho!? Marketing ou mito?!
Dotada de um instinto compositor avant-garde e sofisticado, vinca o seu carisma e potencia a sua arte num leque de canções arrojadas, "snobes" e até mesmo perigosas!
Enquanto em “Fancy Robots”, apela à vinda de robôs imaginários, com programações folkatrónicas (gosto deste termo!) a soar a 90, em “Blues & Reds”, reclama com um papagaio de um pirata que vive à sua sombra, enfeitiçando-o com estalos low-fi abafados em algo parecido a blues ou country!
Em “Calimba Song”, só se ouve uma calimba e é o primeiro grande salto da ravina da radicalização do instrumento sem para-quedas, onde fala sobre as amarguras da paixão, contra-balançando em “Killalady”, com uma guitarra de acordes minimais e um saxofone espacialmente grave criando um quadro antagónico entre a paixão e a resignação.
A toada hipnótica aparece com “Autumn Leaves”, que numa electronicidade quase mântrica de um verso, Justine recorda momentos docinhos do passado!
Justine Electra consegue desenhar melodias que juntam a vontade de uma aventura avant-garde com a linearidade harmónica extremamente concreta e precisa!
Gosto de chamar a discos como este, um artefacto híbrido!
E acertou-me em cheio...recomenda-se!

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