domingo, 20 de julho de 2008

Rentrée!

Pois é...demorou mas chegou!
Após ter dado à costa há cerca de uma semana só
hoje foi possível dedicar-me à escrita!
As férias correram bem, mas como não devem tar com paciência para ouvir-me falar disso nem vos deve interessar passemos ao que realmente interessa!
E nada melhor que começar por falar do Optimus Alive´08 que aterrou ali para os lados de Oeiras e animou muitas alminhas durante 3 dias!
Como era de esperar, dia 10 era o grande dia...o dia da enchente ou melhor dizendo da fila!
Filas desde o início da área delimitada até à entrada do recinto...uma espécie de tentativa de criar algo minuciosamente organizado e infalível para evitar qualquer tipo de golpe surpresa!
E foi neste turbilhão de filas, revistamentos, pulseirinhas e excessos ultra-democráticos que começou o Alive ´08...ou como já lhe apelidavam na altura, o festival da fila!
Os primeiros concertos foram ao ar como é óbvio!
Com uma concorrência à altura no palco principal ainda assim optei por ir ver Vampire Weekend. Que concertaço! Não sei se foi de ter sido o primeiro mas sem dúvida alguma foi memorável! E eu que até nem era grande admirador de Vampire Weekend...mas aquela pop quentinha e eufórica invadiu a tenda com boas ondas e fez-me muito bem ao espírito! Dos melhores deste ano! Se calhar foi da companhia?! Nah...
Após correr a notícia do cancelamento das CSS e depois de fatia de pizza muito má que comi, fui para o palco principal! Eram os The National (gostei mas ainda não foi desta que me surpreenderam, desculpem!) e logo de enfiada Gogol Bordelo, palavras para quê?!
Alimentado ou melhor bebido a vinho, decerto português, Eugene Hutz é o verdadeiro animal de leste descontrolado e com a mão do poder sobre as massas, ei-lo...quem diria que irá desempenhar o papel de um poeta na estreia cinematográfica da Madonna atrás da camâra!?
Ah e quem disse que o bigode já não se usa?!
Hora de rumar à tenda "electrónica!" do Metro On Stage para ver o ouvir o melhor set que passou pelo Alive!
Peaches! Palavras para quê! Não era a Peaches a que estamos habituados em cima do palco mas antes em cima da mesa! Música com qualidade aliada a uma estética depravada foi uma boa entrada para Hercules And Love Affair!
Que começo! Um trompetada rasgada deu início aquele que foi na minha opinião um dos concertos mais insuflados e com cheirinho a futurismo ou chamem-lhe visionarismo de todo o festival!
Mesmo que sem o andrógeno Antony, o colectivo da cidade da Big Apple mostrou argumentos de peso para uma hora de loucura intensa. Entre matrizes tabeladas entre o house, o disco, o synth-pop, afrobeat e o rock dançante e matemático e aquela dança frenética e sensual da menina do vestido azul...senti-me bem, com uma sensação de estar longe daquele sítio naquela altura! Muito bom e recomenda-se!
A seguir foi Rage Against The Machine e como já se escreveu tanto sobre esse concerto devo só dizer admiro a convicção e desculpem-me o termo "pica", com que aqueles 3 gajos revelaram ao subirem ao palco com mas de 40 mil pessoas prontas para serem "agredidas" num espectáculo memorável! E que início!
Boys Noise que com os seus 20 anitos e uma perícia técnica musical de fazer assombrar os próprios Daft Punk (respect!) para fechar a noite e uma hora a andar a pé até chegar a Belém para apanhar um táxi!
Será que os taxistas não viram que havia muita malta ali para os lados de Algés...onde é que andariam?! O que é que estariam a tramar!?
Depois de uma noite bem dormida e de uma bifana cheia de mostarda lá me aventuro para mais uma jornada musical! Ia no eléctrico e pensava: "O que menos me apetecia hoje era ter de apanhar aquelas filazonas outra vez...", mas tava calmo!
A euforia do dia anterior deu lugar a uma prazenteira tarde de sol, contrastando com o espírito esquisofrénico instalado no passeio marítimo de Algés.
Se calhar sou eu, mas digam-me se faz sentido meter Within Temptation num dia com Buraka Som Sistema ou Bob Dylan com Kumpania Algazarra?
É o que dá "querem pôr a carne toda no assador ao mesmo tempo"! Depois fica fria para o dia a seguir e tem que se aquecer nas brasas ou no micro-ondas!
Depois de saber que Nouvelle Vague tinham cancelado o concerto e nada de mais interessante no meu ponto de vista estava a decorrer na altura, fui dar uma volta pelo recinto!
Já tinha ouvido falar do oásis Optimus chamado The Do Lab no site da operadora, prometia ser tal como a Vogue referia o "Maior Espectáculo à Face da Terra", recriando cenários dos filmes Mad Max e Water World, mas ficou-se por aí.
Uns cenários a fazer lembrar uma visão alucinogénica de uma floresta com uns bailarinos ou actores ou lá o que eram a dançar com vários dj´s nos comandos!
Estava giro, gostei mas até ser o maior espectáculo à face da terra ainda vai um pouco, no entanto aplausos para a organização por trazerem algo que por norma não é comum em festivais, uma área dedicada à música de dança, tal como vai acontecer no Sudoeste com a instalação do Kubik!
Havia os tradicionais matrecos, as infalíveis e claustrofóbicas WC, tendas freaks e outras de marcas, merchandising com fartura e os meus aplausos para a barraquinha dos pãezinhos com chouriço que me salvaram a noite!
E vi muita malta estrangeira, ingleses e espanhóis principalmente! Parece que é a nova campanha de marketing lançada ao público estrangeiro com a colocação de bilheteiras em alguns pontos da Europa! Acho bem!
Em jeito de bom português e fazendo do pequeno-almoço uma espécie de estorvo e perca de tempo no dia, as refeições foram só duas: Bob Dylan e Buraka Som Sistema!
Quanto a Bob Dylan não me perguntem se gostei ou não...achei um concerto magestosamente bem interpretado e pode-se dizer assim mesmo!
Fazendo-se acompanhar de músicos que ao ouvido soavam a perfeição o "velhote" sempre na sua pose de arranque tirava do teclado sons que deleitavam e hipnotizavam a multidão!
Gente mais velha na plateia, alguns já com kispos vestidos, malta nova sem saber quem é Bob Dylan e eu, mas todos revelavam uma grande estima e respeito pelo "man do chapéu" que no final deu uma prendinha para o primeiro vídeo do youtube dele em Portugal com a eterna "Like A Rolling Stone". Um bom concerto para depois do jantar...degustativo!
Mais um pão com chouriço, umas cigarradas, dois dedos de conversa e Buraka Som Sistema estoirou no palco principal!
Sinceramente, no espaço de um mês é já a terceira vez que vejo BSS e a conclusão a que chego é que gosto cada vez mais e que nunca me canso!
Apresentando-se com uma estética de palco repleta de televisores (quiçá o Sonar lhes fez mesmo bem!), os BSS debitaram para o público toda a sua excêntricidade trópico-europeia numa espécie de moamba com sabor a ketchup!
A Deise Tigrona deu uma mãozinha e os Pupilos do Kuduru um pézinho, mas nem era preciso!
Os BSS já estão noutro patamar da música, estão naquele patamar em que fazer música já não é só juntar sons e outras tralhas em linhas de programas de gravação, mas mais na colocação do espírito ultra-cosmopolita e fusionista numa panela e mexer bem...juntar algumas mentes especialistas na arte de bem mexer e depois beber directamente da panela sem ser preciso colher...à bruta! Primitivo! Selvagem! A saber bem!
Aqui lhes desejo a continuação de um bom caminho aí com o novo Black Diamond...vão com calma mas não se deixem atrasar!
No final já haviam filas e filas de táxis à porta! Até que enfim, não me estava nada a imaginar fazer o mesmo caminho a pé!
Dia 12, o último dia de festa!
Xavier Rudd para abrir as hostes! Boa onda para um final de tarde quente com muita cerveja e conversa pelo meio! Fez-me bem!
19:00 mais que a hora certa para ir para o Metro On Stage pois dentro de poucos minutos tocava uma das razões pelas quais fui ao Alive! Midnight Juggernauts!
Com álbum de estreia na carteira e muita vontade de convencer, não foi preciso mais que um minuto para o público entrar no universo electro-cósmico envolto em muito fumo!
Não admira que os Daft Punk os tenham convidado para participarem na sua torneé mundial este ano!
Cena caricata: estavam na sua última música "Into The Galaxy" e estava quase a terminar quando de repente o som vai abaixo! Oops!
No meio de muitas palminhas e risos à mistura, os três meninos da nova onda aproveitaram e tiravam fotos ao público, tocaram num xilofone de plástico...enfim porventura de um concerto que eles próprios se recordarão de certeza absoluta!
Roisin Murphy logo de enfiada! Dona de um timbre vocal invejável e com um selo colado na testa a dizer Moloko, enfeitiçou durante uns escassos 60 minutos uma plateia ávida de surpresas com umas nuances electrónicas extremamente agradáveis e de bom grado!
No final do concerto foi uma corridinha rápida para o palco principal dar uma vista de olhos por Neil Young, mas não perguntem se gostei ou o que achei, um dia destes falo de Neil Young, mas agora não me apetece!
Outro pão com chouriço pelo meio do caminho de dentro de poucos minutos aterrava de novo no Metro para o também aguardado espectáculo de The Gossip!
Loucura, excêntricidade, avançado! Mas faltava ali qualquer coisa ou então se calhar eram as cervejas que já eram demais! Mas muito positivo!
Para fechar a festa, mais um dos grandes nomes da musica de dança, os MSTRKRFT, outro pratinho quente da DFA que veio confirmar o bom momento da editora dos senhores de "Sound Of Silver"!
Só há uma pequena nota que gostaria de deixar no ar, para reflexão ou meramente como desabafo. Num festival de cariz essencialmente de toada alternativa e podemos chamar "electrónica" na tenda do Metro, faz-me um pouco de espécie ver um espaço a ser "explorado musicalmente" por um determinado "tipo" de Dj´s com um som tão próximo conceptualmente!
Passado pouco tempo depois da explosão apelidada jornalisticamente de electro-rock e todo o seu revivalismo maquinal (que até dá jeito, como os Daft Punk ou mesmo os Kraftwerk), sinto-me um pouco "frustrado" ou melhor desapontado pelo balizamento entre dois pilares daquilo que a Everything Is New "impôs" ao público dançante: de um lado Busy P, Mehdi, Sebastian e mesmo Tiga e de outro lado Boys Noize ou MSTRKRFT (claro que vou excluir a Peaches por razões mais que óbvias, pois deu um concerto!!!)!
Não seria altura de se pensar um pouco naquilo que é inovador, fresco e que ninguém ou praticamente ninguém conhece e mostra-lo às pessoas do que seguir fórmulas que à partida dão certo e são infalíveis?
Onde é que estava o dubstep, o minimalismo dançante e outras fórmulas mágicas agitadoras de multidões silenciosas?
Fica a sugestão!
Na volta, táxi, Lux, empadas de carne, rissóis de camarão e Martini branco!
Saldo positivo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Malaiko do caraças! [ ]