
Mesmo já depois de ter entrado em contacto com a sua música, o suporte teórico é bastante importante quando se trata de personalidades “indefinidas” e com algo daquilo que eu chamo em música de “misteriosamente enigmática com probabilidades de serem perigosas, isto é viciantes”.
Betty Botox foi tema de estudo hoje de manhã a meio de um seminário sobre ética profissional…bastante interessante, por sinal :).
Betty Botox, mais conhecido por ser chamado TD Twitch e fazendo parte da formação da dupla Óptimo, não começou a produzir ontem. Tem cerca de 30 anos nesta área e é considerada uma das pessoas mais influentes no meio underground.
Cresceu com o djing, viu o Disco a morrer, o punk a nascer, tocou House antes de haver House e continua a mostrar modéstia suficiente para tocar tanto em bares pequenos como em clubes grandes, tudo dependendo do interesse das pessoas e não do dinheiro que as suporta.
Querendo partilhar muita da sua colecção (a qual contém demasiadas raridades incontáveis) Betty re-edita músicas perdidas no tempo tentando mudar (de novo) a atitude de pessoas nas pistas do mundo inteiro.
Alter-ego resultante na sequência do que ao que parece um noite de Halloween de arromba em Glasgow em que se disfarçou de “drag queen” e se intitulou de Betty Botox, por considerar um bom nome.
Começou a fazer edits a meio dos anos 90 mas a tecnologia que estava a utilizar era demasiado primitiva e demorava dias a conseguir fazer cada um. Ainda conseguiu fazer centenas desse modo, no entanto quando arranjou um computador começou a ser bastante mais fácil e a sua produtividade aumentou rapidamente.
Todos os edits foram originalmente criados especialmente para os seus sets, nunca tendo desejo ou intenção de os lançar.
Apesar de tudo, foi convencido a edita-los em disco com uma contrapartida, que a sua identidade não seria revelada.
Então, Betty apareceu, mas foi descoberta(o) rapidamente!
E quando lhe perguntam o que pensa sobre a tríade” computadores/blogs/lojas online, remata:
“As pessoas sempre foram preguiçosas, lojas online e blogs apenas facilitam ainda mais. Estou sempre a ouvir pessoas a dizerem como os blogs e lojas facilitam a ter toda a música do Mundo disponível. O que não é de todo verdade. É impossível imaginar quanta música gravada existe e o que ainda falta descobrir, acho que facilita muito para os DJs tocarem todos os mesmos discos, o ciclo é algo assim: há o buzz na internet sobre uma faixa, a faixa sai antes de tempo, toda a gente a recebe, a faixa é tocada uma ou duas vezes num dj set sendo depois esquecida assim que o ciclo recomeça.
O truque é não seguir o hype, ou pelo menos não o hype de toda a gente - isto soa bastante arrogante, mas eu tento não ouvir outros DJs e outros mixes para não ser influenciado. Prefiro ter a minha própria visão separada do hype da Internet, o que não é fácil pois sou junkie da Internet, mas sempre que saio clubbing quero ir a uma noite em que estejam a tocar algo que não oiça normalmente, pode ser funky, cumbia ou jazz, algo do qual nao saiba muito e não iria descobrir normalmente…”
Apesar de se denotar uma fixação com a música do “passado” não se considera retro, e acrescenta que quanto ao futuro da música electrónica, “o melhor ainda está para vir”.
E já agora, que tendências que esperas para esse futuro Betty?
“A tendência que espero ver mais em 2009/2010 são mais mentes abertas. Tudo parece estar a ficar purista de novo e para mim purismo é estagnação ou paragem do progresso. Eu adoro Disco mas não quero ouvir música de há 30 anos toda a noite, não faz sentido para mim porque pessoas a sair iriam alinhar-se com apenas um movimento musical, nunca me fez sentido e provalmente já me impediu de ter mais sucesso mas não o consigo fazer. Por exemplo, um disco como “Digidesign” do Joker, se estivesse numa pista de dança e ouvisse esse disco ficaria maluco, mas se o tocares numa noite Disco ou Techno normal as pessoas iriam-se embora pois está fora da norma. Eu tenho de ter cuidado ao tocar quando estou a passar música pois os gostos parecem estar bastante conservadores de momento e estou à espera de tempos mais selvagens e mais orelhas interessadas em 2009 e 2010.”
Entusiasmados com Betty Botox?
Ainda bem!
Assim sendo, destaco o seu álbum” Mmm, Betty” editado sob carimbo da Mule Musiq, uma espécie de viagem pelo disco e o psicadelismo, para tirarem dúvidas ou “aprenderem” a olhar para o passado de outro prisma.
Agora, de volta à ética!
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