sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A liberdade, a internet e o disco-punk.

Numa altura em que a questão do formato de "álbum" é motivo de tão acesa discussão, "See Mystery Lights" mostra a força de um compendio redondo, essencial à imagem desse grupo, que por mais "colectivo" que possa parecer, trata-se basicamente de um rapaz e uma rapariga com os micros, laptops e MPC´s.
Da deliciosa influência de Prince em "I'm in Love With a Ripper", até a sensacional "The Afterlife", YACHT não manda mensagens subliminares nem dita novos comportamentos juvenis, apenas faz dançar.
A cronologia de referências é até óbvia: DFA e a pedra fundamental do The Rapture, passando por desafogados rasgos pop da sequela Ting Tings e New Young Pony Club no single "Psychic City" (isso é um elogio, ok?), Jona e Claire mostram o lado imprevisível de Portland, a Porto Alegre dos Estados Unidos, assimilando os pressupostos "a la Animal Collective/Of Montreal".
Aleatoriedade repetina de ritmos e cadências, num mundo "pós-pós-punk" e indietrónico que faz dançar e canta coisas simples ao mundo, como o amor por uma "ripper" (descobri depois que tem a ver com algo como o difamador termo "galinha").
No entanto para além do "coolness indie" dançante, YACHT parece saber bem o valor da música negra e volta aos sagrados anos 80/90 com "I'm in love with a Ripper" com os "tradicionais" claps e camada de beats, vocais de electrofunk e groove indefectível.
O disco, com apenas 9 faixas chega aos 45 minutos, trazendo um remix de "Party Mix" para a faixa, bem ao estilo de Juan McLean.
Livre expressão, música e internet como uma convergência cultural irreversível, performance, consciencia de grupo e o mistério da criatividade.





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