terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ay Ay Ay

Férias!
Depois de 2 dias de intenso "lufa-lufa", eis que a calma e o sossego tomam conta do meu dia.
Está cinzento, mas também não peço mais...
Tempo mais que sobra para me dedicar aquilo que me ostenta um dia perfeito...música!
Matias Aguayo e o seu novo "Ay Ay Ay"!
Logo no início com “Menta Latte” percebe-se que este não é de todo um álbum vulgar no catálogo da Kompakt, nem sequer na actual produção pop electrónica.
Pode acreditar-se que é consequência de uma vida repartida entre Santiago do Chile, Buenos Aires, Paris e Colónia ou apenas (e não é pouco...ufa!) resultado de ideias muito singulares de um músico que não me tinha exactamente preparado para o que estou a ouvir agora. Superficialmente penso num cruzamento entre Micachu, Khan, Frivolous e um toque do que Villalobos seria se fizesse canções.
Referências talvez demasiado rebuscadas ou escondidas mas, com o álbum em escuta, o que interessa são as surpresas em cada nova canção que entra.
O modo como Aguayo se apropria de “From Russia With Love” (John Barry, da banda sonora do filme com o mesmo nome), chamando-lhe muito naturalmente “Desde Rusia”, apanha desprevenido mesmo quem conhece bem o original.
Todo o álbum é muito assente nas múltiplas nuances e sobreposições da voz de Matias Aguayo: na encarnação mais simples é uma voz claramente latina, mas nas inúmeras mutações presentes no álbum soa a vários intrumentos, coros, objectos e camadas de sons.
A percussão livre não pode sequer ser comparada a música de dança como normalmente se entende, não obedece a um padrão linear nem a uma região específica, “Koro Koro” parece África mas depois talvez não, “Ay Shit” podia ser M.I.A. ou uma cena de Diplo mas também podia não ser, porque a voz de Aguayo coloca tudo noutro compartimento (sem nome!).
“Ay Ay Ay”, o título, remete ao mesmo tempo para um clima festivo e para uma exclamação de angústia por não se saber muito bem o que fazer a seguir...
Ainda bem!
Toda a gente deveria experimentar tirar férias quando o tempo menos o pede!
Faz bem à alma a paz dos dias cinzentões!

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