terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mais uma revelação "wikiliana" para acabar 2010 ansioso!

Diz o ditado que até ao lavar dos cestos é vindima, no entanto, hoje dou por encerrado o meu ano discográfico...em grande!
Apocaliticamente falando, 2010 puxa a cortina vermelha com um disco que figurará na lista dos melhores para muita gente e também para a administração da Xangai Market.
Estou a falar-vos do novo "tomo" dos Swans!
É de ouvir e de chorar por mais...garanto-vos!

Foram catorze os anos de intervalo desde "Soundtracks For The Blind" até "My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky", o disco que veio romper com o silêncio do corpo moribundo que havia assumido "The Swans Are Dead" como o título para o disco registado ao vivo após a sua tournée (julgávamos) final.
Percebemos agora que Michael Gira foi capaz de manter em estado de hibernação o seu mais visceral projecto e que durante este hiato, ao invés de perder fulgor, foi acumulando energia em estado bruto, a ponto de produzir um dos discos mais intensos, ameaçadores e crus da sua carreira.
Abandonando, apenas em parte, a folk negra e pastoral que preencheu os últimos álbuns da primeira encarnação dos Swans e, também, todo o seu percurso com os Angels Of Light, Michael Gira, acompanhado por Norman Westberg (o outro fundador que resta nos actuais Swans), Christoph Hahn, Phil Puleo (ambos Swans e Angels Of Light), Chris Pravdica e Thor Harris, para além dos convidados Devendra Banhart, Grasshopper (Mercury Rev) e Bill Rieflin (ex-Ministry, ex-Revolting Cock e agora nos REM), usa a música de "My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky" como uma marcha marcial em máximo volume, na qual parecem combater com ferocidade grandes monolitos sonoros em estado primitivo, e de cujo choque violento resulta uma espécie de tensa bonança num caos pós-apocalíptico, mas sem que toda a torrente sónica libertada sacrifique a beleza intrínseca de cada canção.
Este notável regresso dos Swans parece devolvê-los à urgência catártica de "Children Of God" de 1987, não como se a máquina do tempo nos obrigasse a andar para trás, mas como se os fantasmas que então assaltaram Gira, voltassem de novo, de modo refinado, para atormentar a sua alma criativa, que parece alimentar-se vorazmente do pesadelo interior.
"My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky" é um disco emocional, desesperado e brutal, jogado sempre muito próximo dos limites.

É, por isso, um dos marcos de 2010!
Venham mais 12 meses...que nós cá estaremos para os degustar!

PS1: Claro que até ao final do ano ainda poderei falar de mais algum álbum, no entanto duvido que supere a magnificiência deste dos Swans!

PS2: Curioso, que cada vez gosto mais deste tipo de som a roçar o caótico e o sujo, com reminiscências viscerais...interessante! Será que agora com todas as novas "bombas da wikileaks", o fim do mundo anda realmente por aí à espreita?!





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