quinta-feira, 25 de maio de 2006

Space is da place (make me wanna fly).

A carreira discográfica dos Cool Hipnoise iniciou-se em 1995, na Nortesul, e desde aí a banda tem sido uma fonte inesgotável de boa música, irreverência e frescura, sendo hoje uma referência obrigatória da mais moderna música portuguesa. Com “Nascer do Soul”, os Cool Hipnoise inundavam a nossa música de referências pouco usuais entre nós, da doçura da Soul ao balanço do Jazz e do Funk, passando pelas temperaturas quentes do Reggae. Os seus arranjos eram surpreendentes, os seus músicos capazes de fazer escola, as suas canções simples e irrequietas, tocadas pela urbanidade extrema do Rap. Temas como “Ela era o meu estilo”, “Meu amigo”, “Passa-me o vinho” ou “Funk é mem’bom” rapidamente se transformaram na banda sonora da mais insatisfeita cultura jovem nacional. Em 1998 os Cool Hipnoise davam-nos o seu 2º longa-duração – “Missão Groove” – e afirmam-se duma vez por todas como um dos melhores projectos da nossa música a surgir na década de 90. “Missão Groove” aprofundava a sua relação intima com a Soul, o Jazz, o Funk, a música jamaicana, africana e latino-americana, mas aplicava-a como nunca a uma escrita pop praticamente irrepreensível. A energia cadenciada do Rap dava lugar a melodias hesitantes, de sabor agri-doce, e forte apelo dançante. “Groove junkie”, “Travessia”, “Space is da place (make me wanna fly)”, “Ponto sem retorno” ou “Locotrain” testemunhavam uma versatilidade e uma modernidade impar, e como consequência a banda atingiria a saborosa recompensa do Disco de Prata. Chega o ano 2000, e com ele grandes mudanças. Melo D abandona a formação da banda, o que obriga os Cool Hipnoise a redimensionarem a sua música. Mais uma vez o fazem com distinção? “Música Exótica para filmes, radio e televisão” alarga os seus horizontes e reflecte a sua tendência para nunca parar de explorar o novo e de actualizar o histórico. Assim, aqui se revelam vozes novas como Marga Mungwanbe e Orlando Santos, aqui se expõem cumplicidades e velhas admirações como acontece com Fernanda Abreu, com os Last Poets, com Sónia Tavares e com Simone de Oliveira, num desfilar de pérolas como “Dois”, “Dama dada”, “Kama Kove”, “C’mon family”, “Sem plano” ou “Lis-Kgn-Hav”. Toda a carreira dos Cool Hipnoise se tem caracterizado pela constante procura da inovação e pelo irrevente desejo de melhorar constantemente. A cuidada escolha dos seus produtores é disso uma prova mais do que evidente. Primeiro Luke Williamson, depois Ralph Droesemeyer ( mentor do projecto Mo’ Horizons) e finalmente o mago do Dub contemporâneo Nick Manasseh, que além de assinar a produção de “Música Exótica?”, foi responsavel pela sua extraordinária sequela instrumental – “Exótica part II and other versions” – aclamada pela critica especializada em todo o mundo, foram sempre os parceiros ideais em cada passo que a banda firmemente deu. “Groove Junkies (1995-2003)” é um apanhado dos momentos mais notórios do percurso dos Cool Hipnoise até hoje, e pretende retratar o melhor de todas as suas fases e facetas criativas. Numa carreira marcada pela imensa qualidade do seu trabalho e por inúmeros momentos marcantes e deliciosos, será facil perceber que este disco não pode ser mais do que uma peça suprema, um condensado de prazer. Renda-se!

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