
As grandes revoluções, culturais e não só, raramente passaram por solo português, longe do epicentro europeu, longe das capitais cosmopolitas que sempre forneceram a matéria prima da criação, os grandes génios que têm o seu nome nos livros.
Mas estamos cada vez mais envolvidos numa sociedade de informação e esse mesmo epicentro tende a dissolver-se. A importância do local físico, da nacionalidade, é progressivamente menos importante, em favor de percursos individuais que medem o passado com ferramentas que antes não existiam, como por exemplo a Internet. Na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, as novas ideias, tendências, modas e conhecimentos percorrem as consciências de um novo contingente de criativos, profundamente ligados às novas tecnologias e ao paradigma tecnológico que as sustenta.
Concretizando agora na música, é este novo contexto que possibilita o aparecimento de muitos e novos projectos, certamente impossíveis há dez ou quinze anos atrás, como a mono¨cromática, a Loop, a Crónica Electrónica ou a Variz, que no final dos anos 90 surgem, em Portugal, um conjunto de editoras que propõem, mais do que uma tipologia musical, uma nova maneira de olhar para a realidade, de que a música será o estridente ponto de partida.
É a metáfora natural de um mundo, onde se fala já na pós-pós-modernidade, onde se prevê um futuro que se dissolve já na imprevisibilidade. Mas não se julgue que esta “maneira de olhar” seja um reflexo embaciado das circunstâncias, já que se parte delas para criar um novo “underground”, nos antípodas do “underground” de décadas anteriores. O que existe agora é uma paradoxal pessoalidade no impessoal, através de um manifesto abstracto criado a partir de tensões que se liquefazem até atingir um estado de tensão pura, onde pouco se pode descrever com as palavras. No entanto, esta abstracção traz, como inovação, uma radicalidade quase desconhecida por terras lusitanas." (in http://www.bodyspace.net/)
Apontando os holofotes para o norte (andamos muito nortenhos aqui no Xangai :) aparecem no final dos 90, no Porto 2 editoras que merecem o nosso destaque e "homenagem" já há muito merecidas!
A Variz e a Crónica Electrónica! Ei-las!
A Variz é uma editora e produtora, criada em 2001 (mas em "crescimento mental" desde o final dos 90), que opera no eixo Lisboa-Porto. Os seus objectivos prendem-se com a divulgação da mais recente geração de músicos e artistas dopanorama media-art nacional e internacional, como @C, Discmen, Expander, João Castro Pinto, Lolly and Brains, Migso, Nova Huta, Producers, Stapletape,TAM, Zzzzzzzzzzzzzzzzp!
Sugestão (pessoal, mas acredito que possa ter uma abrangente aceitação por todos os que queiram redescobrir uma pop electrónica com cheirinho a "pêssego"): "Nova Huta - Here Comes My Seltam Voice" (2004)
(Site: http://www.variz.org/)
A outra editora resulta da união entre vários projectos da cidade do Porto, e chama-se Crónica Electrónica. Evitando a dispersão e a consequente anulação da criação de novas peças, esta editora garante a evolução e descobertas de novos sons e imagens.
Divide-se, até ao momento, em três formatos: album, compilação e product.
Da vizinha galiza até à Austrália, as descoberta não conhecem limites!
Sugestão (também pessoal e bastante mais recente, já deste ano, embora o consenso seja menos imediato...vale a pena conhecer): "Mosaique - Filaire".
(Site: http://cronicaelectronica.org/)
Propostas interessantes agora que a semana vai a meio e nada de realmente novo e estimulante surge!
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