
A palavra "minimal" é vasta e dá jeito! O hip-hop é minimal, o disco é minimal, o techno claro que é minimal, o d&b atira para o minimal...outra coisa qualquer que apareca é "quase automaticamente" classificada por "um estilo algo minimal"...até a folk hoje em dia é mininal, vejam bem!
Claro que tudo pode ser minimal, ou ter cariz minimalista, mas aí entrariamos num plano diferente onde teriamos muitas horas de conversa, que diga-se de passagem não me apetece muito. Falo de minimalismo musical!
Definir "minimal" como um tipo de "música" que segue um modelo matemático lógico, definindo-se pela escassa utilização de tonalidades e abusiva em termos de ritmos repetidos sem breaks, parece-me algo redundante no entanto pode considerar-se uma resposta meio certa! Ah claro, também podem afirmar que o minimal é o oposto do maximal e levam mais meio pontinho da resposta...mas ainda assim insuficiente!
Mas porquê toda esta tagarelice e devaneios pouco eruditos?!
Para vos trazer uma resposta..."não a verdade que muitos procuram" (ehehehe e desculpem!), mas a minha resposta aquilo que eu considero um bom exemplo de algo minimal sem ser o minimal "minimal"!
Ainda a crise económica internacional se vislumbrava ao longe (ou pelo menos, não tão perto...) já nas terras da Srª. Angela Merkel se magicava uma criação, no meu ponto de vista, genial e exageradamente arriscada sobre "o que é" e "para onde vai" o movimento minimalista no mundo dos sons!
David Moufang, mais conhecido por Move D e Benjamin Brunn lançaram no passado mês de Abril o seu segundo álbum denominado "Songs From The Beehive", sob tutela da Smallvile!
Com uma simplicidade criativa fora de série e um estúdio em Hamburgo, casa de passagem de muitos dos mais inquietos produtores de tecnho germânico, "Songs From The Beehive" surgiu como algo inesperado e envolto num certo nevoeiro conceptual que ainda hoje tento desmistificar...!
Com 7 longas faixas de arranjos tão orquestrados que quase criam vida (ou tamb+em apelidada de "música orgânica"), sensação que nos remete a Aphex Twin em "Selected Ambient Works 85-92". Caso de "Mothercorn", líquida e hipnótica e "Come In", destaque absoluto do disco com seu balanço linear e soturna ambientação cinematográfica, ocasionada pelo techno abafado ao fundo.
Apelam à capacidade humana em "Love The One You're With" e tornam a coisa áinda mais etérea em "Velvet Paws", a fazer soar a Donkey Kong. Mais ambiente e melodia, menos beats e loops, partindo do principio que as as máquinas também fazem "som" quando estão em standby.
A parte "adulta" do disco aparece em "Honey", que ao contrário do nome é uma trilha corrosiva, com o histérico e encorpado synth ácido fulminando os ouvidos em alcance surround.
Radar" encerra o disco com interferências computadorizadas desconexas sobre o techno abafado, que vai ficando límpido no crescente, uma técnica já recorrente no trabalho da dupla.
A par de nomes como Efdemin e Pantha du Prince, Move D & Benjamin Brunn é uma fórmula que resulta porque sabem equilibrar a dose entre 4x4 e a pista, entre experimental e canções etéreas e "acessíveis". Além disso, mostram sinais de que os anos 90 acabaram e fogem da regra futurística e mineral do techno antigo!
Um exemplo é a "pastilhada" e colorida capa do disco, primeiro lançamento em álbum do selo Smallville Records (e que lançamento!).
Acessível tanto nas pistas como apontado ao sofá! Cadência minimalista! Atmosfera deep! Ápice acid! Abstracção experimental!
Aceitam a proposta?
Nota: Já estava para escrever sobre Mode D e Benjamin Brunn há mais de 3 meses, mas não saía. Agora sim, faz sentido! Sinceramente!
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