domingo, 16 de novembro de 2008

Supersoul Recordings levada a ombros!

Desde há algum tempo que sou um grande defensor das compilações!
Bem certo que um albúm por inteiro tem o seu carisma e faceta identificativa mais vincada no currículo da banda ou do artista, no entanto um compilação também reflecte essa vertente, a "cara" de quem recolhe, reúne e organiza os temas de forma coerente e orientada por um alinha bem definida!
E quando o assunto toca a nomes como James Murphy e DFA a coisa é olhada de outra forma!
Por isso hoje traga-vos uma daquelas compilações que de certo vai cair bem nesta recta final de 2008.

"Nobody Knows Anything - DFA Presents Supersoul Recordings " (DFA-Kompakt)

O carimbo da DFA nesta compilação garante atenção até da Rolling Stone, apesar de se tratar do apadrinhamento do trabalho do selo berlinense Supersoul Recordings, que edita normalmente música pensada para a escala dos doze polegadas.
Este aviso serve assim para alertar os que pensavam ir aqui encontrar material cozinhado em Brooklyn a partir dos ingredientes do disco e do punk mexidos com a colher da electrónica.
Este lançamento por parte da DFA aponta os holofotes ao selo de Xavier Naudascher, que nos últimos dois anos editou uma série de hinos à repetição sincopada a partir da Supersoul!
Assim sendo, o seu catálogo é algo limitado no sentido de ser curto, no entanto Naudascher tem um dedo em quase todos os temas apresentados.
Em "Nobody Knows Anything" existe uma garantia de coerência formal dentro do vasto universo da electrónica talhada para a pista de dança, embora exitam muitas diferenças. Isto significa que no disco (aliás, nos dois discos!) se ouve tecno de pendor minimal, mas também exercícios de pressão rítmica abstracta que se atreve a procurar na plasticidade do italo-disco dos 80 os seus principais pontos de inspiração.
Há electro-disco em derrapagem pela pista de dança, synth-pop de facção Moroder e até "canções de amor".
O facto de Naudascher não apresentar a música escolhida em formato DJ set revela uma certa ambição: a de encarar estes temas como tendo potencial de vida para lá da cabine do Dj, que vivem sem necessitar do impulso do tema que os precede e da plena realização oferecida pelo que lhe sucede, o que em tempos de vertiginosa construção de novas tipologias é, em si mesmo, uma declaração de intenções!
Quando todos ambicionam definir o presente, ter a capacidade de sonhar com o futuro é já um importante factor de diferenciação!
Como eu gosto desta visão...é por isso é que me imagino mais numa estação de rádio rodeado de albuns empilhados em estantes, do que à frente de uma pista de dança...só um desabafo!
Já agora e a propósito do nome DFA ser tantas vezes mencionado na Xangai, convém agora sim informar que significa Death From Abroad. Interessante!?

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