sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Gala Drop...mais que um cocktail sonoro!

Antes de mais, espero que o vosso Natal tenha corrido bem na companhia daqueles que realmente fazem falta...e que tenham sentido que realmente esta época é sem dúvida especial!
O meu correu bem e gostei...não consigo descrever o quanto me sinto bem por estas alturas...
Nos últimos tempos tenho andado muito "caseirinho" nas divulgações por isso, e com o final de ano a aproximar-se, vou manter a toada e trazer-vos mais um importante e magnífico trabalho "made in Portugal"!
Gala Drop!
Nelson Gomes, Tiago Miranda e Afonso Simões formam um dos mais singulares e "psico-muita-coisa" grupos da música portuguesa das duas últimas décadas e o seu primeiro e homónimo trabalho é um dos discos mais belos deste ano.
Para os apressados e viciados das listagens dos melhores do ano, que se fiquem a roer pois este já vos fugiu mas a mim ainda não!
Só um aparte; apenas farei a minha lista "dos melhores de..." lá para meio de Janeiro, é que anda por aí muita coisa que me falta ouvir...e como não tenciono eleger Metallica, Portishead ou Coldplay nem tenho pressões editoriais, estou à vontade...mas isso já sabem!
Voltando aos Gala Drop!
Editado pela Flur há bem pouquinho tempo, Gala Drop aparece quase por "criação espontânea" como um autêntico antídoto modesto e potente na galvanização do panorama criativo contemporâneo português e não só!
A qualidade romântica do universo criado pelo projecto lisboeta, usada como uma espécie de estilo mágico, é um dos melhores e mais complexos esboços feitos entre nós nos últimos anos, numa súmula de criação musical por instinto e "quase laboratorial", em que uma imensidão é condensada!
Fugindo a catalogações ou variáveis facilmente reconhecíveis, há detalhes maravilhosos que, apontando em diversas direcções, deambulam pela mão das electrónicas projectando novelos de psicadelismo, ambiente, dub ou até mesmo krautrock...a mim soa-me assim!
Com diversas matrizes da música negra e electrónica, sem de qualquer forma nos fazer dançar em alguma pista...uma obra híbrida, que retoma o trilho de legados deixados por gente como os Can, Pop Group ou os A.R. Kane...
O seu lugar é a contemporaneidade! Basta reter a notória dimensão "escultórica" do som ou no modo como a linearidade dos temas permite, quase imperceptivelmente, uma profusão de melodias e ritmos, dando a perceber o rigoroso trabalho de estúdio.
Uma verdadeira obra-prima que faz pensar e flutuar, ao longo da qual se revela um incrível argumento de imagens abstractas, com possível/obrigatório lugar de destaque na evolução da música portuguesa e claro, na prateleira dourada da Xangai!

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