
É Isso Aí, editado há apenas alguns dias pela Aquaboogie, é dos álbuns mais mais excitantes que tenho ouvido ultimamente, simplesmente porque não é um disco como os outros...carregando consigo a verdadeira essência exótica desta "nova Xangai v2.0".
Estava a faltar-nos uma música para definir o conceito de "exotismo musical" fervilhante e saltitante, então que seja a música dos Aquaparque.
E se depois de uma visita a um museu de arte contemporânea adormeceres sob um sol quente de auscultadores nos ouvidos a debitarem uma selecção aleatória de Mler Ife Dada, Heróis do Mar, GNR, António Variações, Ocaso Épico e mais alguma Não Nova Iorque, o mais provável é que sonhes com a música dos Aquaparque...ou algo parecido (Panda Bear?!)
Com uma capa misteriosa e desdobrável em quatro podemos logo à partida escolher a parte que mais gostamos para ilustrar o disco encaixando na perfeição no conteúdo estranho da construção das mesmas canções.
Mas tudo isto faz sentido!
Isto porque estas músicas não são como as outras!
Fogem ao conceito predefinido que temos do que é construir uma boa canção.
Criados por geração espontânea ou eventualmente por manipulação genética em laboratório (ainda ninguem sabe!?), os Aquaparque surgem das cinzas dos estimulantes dAnCE DAMage, sendo os seus herdeiros Pedro Magina e André Abel.
Rotulam-se com um carimbo meta-prog ou lá o que isso quer dizer...e cantam em português! Há teclados abundantes e percussões sincopadas e aleatoriamente perdidos!
Passam o tempo a desfazer conceitos e oferecem-nos musicas que são ao mesmo tempo, experimentais, minimais, electrónicas, rock e até pop. Cabe tudo aqui!
A voz surge maioria das vezes embutida na camada instrumental, servindo por isso como mais um instrumento. Mas um instrumento que solta palavras certeiras! Poesia que não é poesia, pinta na perfeição este quadro.
Assim à primeira vista se quisermos arranjar paralelos para este som podemos dizer que os Aquaparque estão próximos de uns Ocaso Épico pelos teclados e uso da voz ou de uns Pop Dell’Arte pela arte em "partir" canções.
Juntamente com o (não menos genial!) álbum de estreia dos Gala Drop, É Isso Aí anuncia qualquer coisa de novo que já fervilhava na cena que deu Loosers, no entanto agora é transportada até um extremo.
Soa a novo e arcaico ao mesmo tempo, como os tais sonhos que vos falei logo ao início que podem ser simultaneamente estranhos e familiares, excitante na forma como cruza uma imaginativa produção muito apoioada na electrónica com uma voz mergulhada em onírico reverb, que atira tudo para outro lugar exactamente igual a este, só que muito melhor!
Enquanto houver bandas assim é enorme o orgulho que devemos sentir, pois cremos realmente que temos almas capazes de "concorrer" com a ala mais vanguardista que nos chega lá de fora...e claro, nos façam perceber que nem sempre a canção mais "lá lá lá", é a mais perfeita.
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