
James Holden é o homem de quem se fala hoje na Xangai!
Nasceu para a música de dança em 1999, com “Horizons” e desde então tem desenvolvido uma frenética carreira, conquistando um reconhecimento mais alargado através das remisturas de “Get Together” para Madonna e “The Darkest Star” para os Depeche Mode.
Depois de uma mão cheia de originais, remisturas, colaborações e álbuns de mistura, onde saliento o genial "At The Controls", James Holden teve ainda tempo e vontade para criar a sua própria editora, a Border Community, etiqueta onde soam agora nomes como The MFA ou o também não menos prodigioso Nathen Fake.
Entre a robustez fria do techno minimal e uma house progressiva e distorcida, James Holden desde muito cedo aprendeu as técnicas que melhor traduziriam a sua forma de ver o universo da música de dança electrónica.
Abraça Detroit e trata por tu Chicago, na construção melódica abstracta em colisão com os impulsos nervosos de uma electrónica em ponto de ebulição...até que chegou ao seu primeiro (e tão aguardado) álbum de originais em 2006 com o carimbo, claro está da Border Community.
A expectativa era grande o nível de exigência quase inatingível, dado o seu percurso até então, no entanto o inglês fez ouvidos surdos a tudo o que à volta dele girava e atirou para fora do bunker da Border uma competente e actualizada visita às linguagens musicais mais avançadas, intitulada como "The Idiots Are Winning"!
Com a infindável e arrojada (e até demasiado abundante!) produção musical electrónica hoje em dia, por vezes é difícil distinguir o bom do mau e o certo do errado, pelo que definir um álbum como sendo bom ou mau que está certo ou errado é na maior parte das vezes um trabalho impossível ou mesmo inútil.
Porém ao escutar "The Idiots Are Winning" pela primeira vez há dois anos (só este fim de semana já o ouvi umas 8 vezes quase seguidas), invadiu-me aquela sensação de estar a ouvir uma música certa mas que ao mesmo tempo está irredutivelmente errada!
Não cumpre a métrica tradicional e ordens de conduta de norteiam a produção electrónica, mas mesmo assim sabe bem...sabe mesmo muito bem!
As músicas não chegam como blocos sonoros consistentes. Ouve-se e sente-se, a cada momento, os loops, os esboços de melodias, os efeitos e as "descidas" numa tentativa desesperada de relacionamento entre si, como se cada faixa se tratasse de um exercício específico desenhado para se compreender as potencialidades dos programas de sequenciação musical.
Quase todas as músicas pretendem ser, simultaneamente, rítmicas, minimais, épicas, dançantes e ambientais, e é nesta confusão de prioridades que o álbum se perde, ganhando aquilo que o torna especial!
Parece que James Holden quer que nos deitemos nas suas texturas, que nos deixemos levar pelas suas progressões ou que dancemos ao som das suas tímidas linhas melódicas que se esquece completamente que é difícil fazer tudo isto num curto espaço de tempo.
Há uma “Lump” a fazer lembrar um Vitalic desinspirado ou uma “10101” que soa a um dia menos bom na vida de Isolée...há um objecto estranho pelo meio em “Intentionally Left Blank”, dois minutos para reflectir sobre o tempo perdido na audição do álbum no mais calmo e absoluto silêncio.
Um albúm regrado de alguém que faz da monotonia uma sentimento realmente aborrecido!
São idiotas!
Vá-se lá saber porquê! :)
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