segunda-feira, 18 de maio de 2009

"92982", o número do último lamento!

A propósito do Out.Fest ocorreu-me mais uma vez, e a minha grande expectativa para o festival, o nome de Wiliam Basinski, nomeadamente o seu “92982”, uma espécie de arquivo do músico editado e reeditado ao longo dos últimos anos pela 2062
Para mim, uma das maiores descobertas ou redescobertas que esta década nos concedeu e um excelente exemplo para entrar no mundo de Basinski.
Em “92982”, os seus loops são de uma mágoa latente, beleza estonteante, seja em trabalhos como “The River”, “Silent Night” ou os incontornáveis quatro volumes de “Disintegration Loops”.
É composto de gravações do início dos anos 80, registadas num estúdio em Brooklyn.
Quatro drones carregados da melancolia Basinski, acalentados com o som envolvente: ouvem-se sirenes à volta, helicópteros a sobrevoarem o final do dia em que o músico, hoje com 51 anos, gravou o que aqui ouvimos.
Com o tempo, à medida que desbravamos o mundo de Basinski e voltamos à sua obra anterior, percebemos que este é um universo enfeitiçado, um lamento para a posteridade do stream of consciousness que corta a humanidade nas últimas décadas.
Acham que vos consegui convencer de que vos estou a falar de algo realmente bom e surpreendente?
Ainda não?
Ok, ficou o desabafo, enquanto ouço “92982” e penso que este poderia ser uma espécie do último lamento, como seres humanos!
Forte?
Não, avassalador!
Fiquem com Wiliam Basinski e outro dos seus “amiguinhos da onda”, David Toop.

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