terça-feira, 7 de julho de 2009

Hey-O-Hansen e o austro-dub...mais um para a lista de rótulos!

«Sonn Und Mond - Rare and Unreleased Austro-Dub tracks 1995-2009» conta-nos o lado oculto da história dos Hey-O-Hansen, o duo austríaco Helmut Erler e Michael Wolf que adoptaram Berlim como o ponto fulcral das suas actividades criativas.
Esta edição percorre os seus arquivos sonoros em busca de pistas que nos ajudem a melhor situar a sua música, que empreende uma interessante adequação de sentido centro-europeu para o dub, entendendido como a transposição para a frescura de estúdio do calor rítmico do tropical reggae.
Daí que a denominação Austro-Dub para aquilo que fazem revele o lado empreendedor das suas pesquisas, ao situar o nosso imaginário num lugar inexistente em que os cantos tiroleses se imiscuam no processamento de corte-e-costura de linhas de baixo ondulantes, mas ao mesmo tempo parece curto para revelar todo o património indesmentivelmente europeu que esta música adopta, transforma e projecta.
Ao longo dos anos, Hey-O-Hansen tem sido sinónimo de procura de enquadramentos diversos para a utilização de sequenciadores e samplers, tornando-os ingredientes instrumentais da apropriação que fazem do legado da tradição musical recente do velho continente, nomeadamente da chanson française, por um lado, e da electrónica experimental, por outro.
Com todo este contexto de actuação, «Sonn Und Mond» destaca a linha evolutiva de um projecto que nos habituou a edições em formatos já pouco convencionais (cassetes magnéticas ou 7" em vinil, por exemplo), mas também a estímulos criativos versáteis e refrescantes, manifestados em diversos momentos de inflexão e reorientação musicais, fruto do olhar crítico que dispensam ao seu próprio trabalho e ao pulsar do curso desenhado pela música apontada às pistas de dança. Não se trata aqui de um best-off, até porque a popularidade dos Hey-O-Hansen cobriria de gargalhadas uma iniciativa editorial desse calibre, antes sim de uma reescrita de uma história já de si dactilografada nas entrelinhas da exposição mediática, mas cuja capacidade de proporcionar prazer suplanta, e muito, a sua falta de projecção nas luzes da ribalta.

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