domingo, 24 de outubro de 2010

"Se as bruxas do século XVII fizessem música, ela seria divertida e hipnótica, feita com sons indecifráveis, com pitch imperfeito e instrumental bem temperado..."

Há já algum tempo que o duo Broadcast se mudou da industrializada Birminghan para a pequena vila de Hungerford onde estão alguns locais sagrados do paganismo, como os círculos de pedras do período neolítico de Avebury e o famoso Stonehenge.
Também por ali começaram os desenhos nos campos de trigo dos anos 1990.
Acordei e fiz uma espécie de roleta russa na pasta de discos...calhou-me "Broadcast & The Focus Group - Investigate With Cults Of The Radio Age", editado o ano passado pela Warp. 
E que bela pontaria para acordar num Domingo de manhã!
Aqui há sons que são recolhidos em velhos arquivos mortos de faixas e efeitos sonoros para a TV e rádio, como os da BBC, no entanto vão mais além usando técnicas de gravação esquecidas ou apagadas pela história.
Depois há uma pop psicadélica obscura dos anos 60 e 70 e tudo junto, culmina num quase mini-lp de 48 minutos, onde apenas 5 das 23 faixas lembram canções "a sério".
Diz quem sabe, que o principal responsável pela coerência do disco é Julian House da editora Ghost Box.
Antigo colaborador de Broadcast em projetos gráficos e de DJ, House combina algumas centenas de pequenos trechos desconexos numa colagem imprecisa, paradoxalmente gerando um disco com unidade e singularidade.
A harmonia entre as bricolagens de House, as melodias de James Cargill, mais a voz soporífera de Trish Keenan culmina numa mescla deveras arrepiante.
"Witch Cults of the Radio Age" é uma obra assustadora com ruídos da natureza, velhos sintetizadores, coros, sinos, flautas, oboés, sons etéreos.
Tudo conjugado: uma plena atmosfera de sonho e delírio.
Agora que o Halloween se aproxima...porque não fazer de "Witch Cults of the Radio Age" um disco de cabeceira!


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