E enquanto o tecto desta mina não desmorona, vamos fortalecendo os pilares que aguentarão a memória das ágoras musicais.
Entre impostos e impostores, temos felizmente a graça de encontrar algum espaço aberto para lançar os foguetes de sinalização, de vez em quando interrogamo-nos se este planeta digital tem “céu” e “terra”; muitas vezes parece um poço sem fundo e questionamo-nos se alguém, além dos habituais vigilantes, vê ou ouve alguma coisa.
Sendo assim e apostando nos bons materiais de construção que seguram as novidades musicais, sugerimos o TRAMA, que começou esta 5ª feira passada e que se estende até amanhã.
No seu quinto ano, o festival TRAMA (Festival de Artes Performativas) reúne criadores nacionais e internacionais na cidade do Porto, num percurso que redescobre espaços identitários e inusitados, convencionais e espontâneos.
Propostas de teatro, dança, música, arte sonora, performance e ópera digital sustentam a programação e distinguem-na pela coexistência de reflexões sobre o valor e função da arte e dos mecanismos de produção criativa bem como sobre os modos de percepcionar o mundo de hoje, apoiados na revisitação de legados simbólicos ou íntimos, colectivos e individuais.
É de realçar uma outra dimensão desta TRAMA: a forma festiva e bem-humorada encontrada por vários artistas para a expressão das suas criações, sejam elas a tentativa solitária e absurda de Massimo Furlan encarnar um ídolo, o tom vaudeville de Justin Bond, as tacadas jocosas de Paulo Castro e Regina Fiz, o clash explosivo de beats e swing dos electrizantes Dirty Honkers, a cuidada preparação da noite com os DJs da Cómeme (Matias Aguayo, Diegors e Rebolledo) e a terminar, a festa de rua inclusiva de Bumbumbox.
De realçar a presença do duo luso canadiano, Tim Olive e Alfredo Costa Monteio.
Duo recém formado, nasceu a partir de várias colaborações à distância, entre Barcelona e Osaka, até se materializar numa tournée no Japão em 2010.
É um projecto de natureza decididamente doméstica que oscila entre texturas densas, cortes bruscos e dinâmicas imprevisíveis, desenvolvendo frequentemente atmosferas obscuras que se decompõem constantemente em massas sonoras desagregadas: o caos e a ordem são medidos, mas sempre bem-vindos.
Para mais informações: http://festivaltrama.com/
Para ver, ouvir e sentir..
Rua da Picaria, n.º 84, Porto.
Até lá!
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