domingo, 20 de março de 2011

Pintura Moderna

Há dois anos “É Isso Aí” surgiu como um oásis na música cantada em português.
Transparecia uma honestidade e uma liberdade de letras e composição raras no paranorama nacional.
Canções contemporâneas para gente contemporânea, com referências ao passado sem um plano de intenções mas como manifesto de gosto de duas pessoas (André Abel e Pedro Magina) que encontram nos Aquaparque uma forma de resolver as suas ideias em canções pop.
“Pintura Moderna”, agora editado pela Aquaboogie, é o passo em frente.
Depuração técnica e estilística de “É Isso Aí”.
Produção imaculada, letras ainda mais fluídas, terrenas e directas ao coração, voz mais perceptível e romântica e uma fusão perfeita dos samples e daquilo que os músicos tocam.
Começa como os grandes discos começam: com uma grande canção, “Espelhado No Céu”.
Dez minutos que parecem três, e bastam apenas uns instantes desses dez para perceber o quanto os Aquaparque cresceram.
Tudo parece tão natural como sangue a correr nas veias, um sample que se repete num bom infinito e que aquece o espaço para a voz de Magina entrar.
Quando entra, parece que o coração falha uma batida, é empolgante.
E não se fica por aqui: “Pintura Moderna” segue com este momentos, seja no single “Para Além do Bronze” (é óptimo ouvir canções assim, cantadas em português, na rádio), ou mais para a frente em “Ultra Suave” ou no final incrível que “Emblema” proporciona (bem como a faixa escondida logo a seguir, um monumento).
Tudo num misto de pop/rock que se cruza com a música de dança (há momentos em que nos apetece esquecer tudo e dizer que este é um disco house), sem aquele travo de canções que se esgotam na sua duração. Tudo em “Pintura Moderna” fica connosco muito tempo, a olhar para o futuro.
É assim tão especial.







(in, Flur)

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