Kuedo é o nome artístico que Jamie Teasdale assume a solo, quando não divide os créditos da música dos Vex'dcom Roly Porter.
E "Severant" demonstra que há razões fortes para que Kuedo exista enquanto unidade criativa, pois são inúmeras as diferenças para a música criada enquanto dupla.
Se os Vex'd se encarregaram de dar ao dubstep uma das suas facetas mais escarpadas e cortantes, através de ritmos em nervoso-miudinho e uma próximidade visceral com a negritude mais densa do hip-hop, já Kuedo parece responder com luz cósmica a esse aquipélago de sombras.
Em "Severant" o ritmo continua a existir e a ser estruturante, mas adquire contornos mais acetinados, servindo de confortável apoio a melodias ditadas por sintetizadores analógicos em expansão sideral, que ali encontram um afável apoio de cabeça.
A agitação continua lá, mas é agora contornada por uma quase doçura que tempera a ansiedade e induz um sentido de calma que, por contrastante, se aproxima mais de uma melancolia eufórica do que de um desassossego controlado.
Um disco no qual vale a pena deixar-se mergulhar sem resistências, entrando na turba sonora com o mesmo prazer de uma viagem sem rumo num céu sem gravidade.
(in, Matéria Prima)
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